18 de nov. de 2012

Barro,somente barro.

Surpreende-me a capacidade que Deus tem de querer sempre trabalhar com o mais difícil. Deus sempre procura por pessoas que são aparentemente mais problemáticas. Parece-me que existe uma pré-disposição divina em usar pessoas que não tem nenhuma aptidão real. E é fato que isso se dá pela vontade divina, assim como a manifestação da graça em doar dons, em encher os homens de capacitação celestial e talentos vindos do próprio Deus.
Existem inúmeros exemplos na Bíblia, e fora dela também, de pessoas que foram escolhidas por Deus para obras miraculosas e não tinham nenhuma capacidade de as executarem: Abraão, Moisés, Davi, Balaão, Pedro, Paulo, Martin Lutero, Santo Agostinho e por que não dizer – Martin Luther King, Gandhi,… mas hoje eu não quero me prender ao lado do significado direto dessas escolhas de Deus. Quero falar pensando no sentido lúdico que Deus costuma rumar.
Nesse fim de semana eu ouvi uma mensagem em que o pastor citou uma situação que eu nunca havia atentado na Bíblia. Ele falou de uma escolha que Deus teve pelas pedras afogueadas, pedras queimadas para a reconstrução de Jerusalém, nos tempos de Neemias. Fiquei quase que instantaneamente instigado a pesquisar sobre isso, e o que encontrei foi o seguinte:
Palavras proferidas por Sambalate, um dos inimigos de Israel, que se opunha a reconstrução de Jerusálem, na verdade, ele fora um dos responsáveis pelo estado de destruição da cidade:
“E falou na presença de seus irmãos, e do exército de Samaria, e disse: Que fazem estes fracos judeus? Permitir-se-lhes-á isto? Sacrificarão? Acabá-lo-ão num só dia? Vivificarão dos montões do pó as pedras que foram queimadas? Neemias 4.2
E foi exatamente isso o que Deus fez, ele reconstruiu através daquele povo, toda aquela cidade, das pedras que foram queimadas, das pedras rachadas, marcadas, porque essas eram as pedras originais daquela cidade, e era exatamente elas, as quais Deus queria usar.
Nós fomos concebidos para uma existência perfeita de adoração, peças originais e integralmente do Reino de Deus, mas pelo pecado que nos derrubou, perdemos a nossa porção do Reino. Porém nós somos a obra prima de Deus, fazemos parte de uma seleta parte de toda a criação que foi concebida pra ser a imagem de Deus sobre a terra, somos o ingrediente vindo diretamente do sopro divino para a formação do Reino de Adoração e Louvor, isso faz com que Deus queira nos usar como matéria-prima, independente da nossa queda, independente do quanto estejamos chamuscados pelas queimaduras do pecado, Deus quer que façamos parte do que Ele premeditou desde o inicio dos tempos, mesmo que nós tenhamos fugido disso.
Ouvi inúmeras vezes pregações que falavam de Deus como um oleiro tratando o barro, amaçando-o e dando uma forma de vaso, o que me faz concluir que o problema não esta na nossa essência humana, mas sim nas formas e direções que tomamos. É como se dizer que o problema não esta no barro, mas sim no formato do vaso e para o que ele se aplica.
Reconhecer os nossos erros, pecados e a nossa natureza humana não faz de nós excluídos do chamado de Deus e de uma eternidade com Ele, pelo contrario, Deus conhece nossas falhas, imperfeições, pecados e a nossa luta diária com o nosso próprio eu, e mesmo assim continua contando conosco para sermos usados como matéria prima do Reino.
Mais uma vez entendo que Deus não espera de nós que sejamos “super-cristãos”, ouso dizer que essa expectativa vem dos próprios cristãos, que são incapazes de dosar a vida humana tal qual Deus concebeu, esforçando-se para agradar a Deus, lutando o máximo contra o pecado, mesmo que isso vá contra a nossa natureza pecaminosa – Aquele que diz que não tem pecado faz Deus mentiroso” (1 Jo 1, 10). A Bíblia nos diz que jamais seremos santos nessa existência terrena. Mas também é possível desfrutar da criação de Deus em sua infinita plenitude.
Fico pensando em como devemos ser uma massa maleável nas mãos de Deus, estando ciente das nossas limitações como matéria-prima. Isso faz com que possamos admirar ainda mais as mãos de Deus trabalhando em nossas vidas, nos dando uma forma bela e uma função maravilhosa dentro do Reino.
“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.” 2 Coríntios 4.7
A partir do momento que reconhecemos que a nossa forma não cabe a nós e que o nosso interior é vazio, sem proveito algum, abrimos espaço para o habitar de Cristo e a forma soberana da Sua Glória.
O barro, por si só não tem nenhum valor, quem dá valor a matéria é o oleiro com sua habilidade!
Sejamos barro na mão do oleiro, você não pode ir contra a sua natureza de barro, mas você pode se permitir ser moldado pelas mãos de Deus ou do diabo, a escolha é sua! O molde que Deus fará de você é uma escolha também dEle, e o que Ele espera de nós é uma pré-disposição a ser integralmente o que Ele desejar:
Carregar os dons e talentos que Ele quiser colocar em cada um de nós e ser exatamente o que Ele sonhou.
Graça & Paz

Fonte - http://murilosv.wordpress.com/2011/07/

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