21 de fev. de 2008

AINDA SE MATA E SE MORRE DE AMOR

Klayton, 45 anos, casado há 17 anos, era Caixa de Banco.
Passava o dia inteiro enfrentando filas imensas.
Sempre no caixa ao lado, sua colega de trabalho.
Marilzete, 23 anos.
Seu nome não justificava seu corpo.
Uma belíssima loira “natural”, a mais gostosa da agência.
1,70 mts e 58 quilos de pura tentação.
Muitas sardas, seus cabelos eram raios de sol.
Ainda com pelinhos dourados e marcas de biquíni de suas últimas férias.
Klayton passava os dias sentindo seu perfume.
Levemente adocicado, deixava-o permanentemente hipnotizado.
Klayton jamais teve coragem de provocá-la nem que fosse por um olhar.
Amor Proibido.
Amor Platônico.
Era uma sexta-feira à tarde, começo de dezembro.
O Verão dava sinais de que seria violento.
Expectativa pelo futebol depois do expediente.
Já era tradição, toda sexta.
Klayton sem jeito, se despede de Marilzete, diz que vai jogar bola.
Da agência direto para a quadra.
Grama sintética. Ficava numa espécie de clube.
Tinha sauna, música ao vivo, bar, sinuca...
Era o paraíso que todos esperavam durante a semana.
18:30 hs, o sol já baixo, mas ainda com um calor absurdo.
Klayton era o único que ainda não havia chegado.
A maioria dos peladeiros eram jovens, de 20 a 30 anos.
Klayton não era nenhum garoto, não pela idade.
E sim pela preparação física. Ligeiramente obeso, batendo nos 95 quilos.
Não fazia condicionamento, nem freqüentava academias.
Por isso, Klayton não era dos melhores em quadra.
Só jogava atrás, na zaga, praticamente batendo papo com seu goleiro.
Com muito atraso chega Klayton, ainda de camisa e gravata.
Empapado de suor e completamente ofegante diz:
- E essa M... de trânsito, tudo parado..!!!
Entra e sai do vestiário rapidamente.
Seu calção completamente torto, camisa toda esticada, meias arriadas, cadarço ainda solto.
Antes de pisar na grama sintética, vira uma lata de cerveja, num só gole.
Começa o jogo.
Depois de alguns minutos Klayton olha para o lado e leva um choque.
Lá no quarto ou quinto lance da arquibancada está Marilzete.
Deliciosamente sentada, em suas mãos o sorvete mais feliz do mundo.
Ela era um “ser estranho”.
Naquele ambiente, mulher era o assunto principal depois das partidas.
Mas a presença delas era raríssima, quase um sacrilégio.
Pois bem. Lá está ela. Corpo perfeito.
O calor contribuía para que os trajes fossem mínimos.
Seus “panos”, talvez pelo suor de seu corpo, ficava ainda mais aderido ao corpo, revelando sua silueta perfeita.
Klayton, acostumado a vê-la no banco com trajes “normais” não acreditava.
Aquela quadra era um “santuário masculino”.
Ali, aventuras sexuais eram narradas de forma épica, aos goles de muitos litros de chopp.
E de repente uma mulher no meio de todos.
Estava sozinha, Klayton não entendia apenas se lembrou que na despedida no banco, disse que iria jogar bola.
Estaria ali por sua causa...!!!???
Sim.....!!!! Ele teve a certeza disso...!!!
Mas a bola continua a rolar...
Estranha e inesperadamente, Klayton muda seu comportamento.
Klayton animou-se... arrumou seu calção. Colocou a camisa “para dentro”.
Esticou seus meiões, arrumou a chuteira. Derramou água em seus cabelos.
Começou a gritar. Ordenava para todos correrem.
Pedia que seu time apertasse na marcação.
Ficou completamente excitado. Se sentia o melhor de todos.
Tinha a certeza de que a bela da arquibancada notava sua “grande atuação”.
Começou a chegar junto nos adversários, até fazendo faltas fortes.
Reclamava e encarava o Juiz.
Passou a correr toda a quadra, atacava, corria, marcava, pedia a bola insistentemente:
- Me passa, me passa, me passa.....!!!
Queria decidir o jogo, quem sabe se marcasse um gol...
Mais uma vez Klayton olha pra a arquibancada.
Sim, ela estava lá, com seu restinho de sorvete.
E então Klayton olhou para o céu. Já era noite.
Viu a Lua, algumas estrelas, depois uma luz forte.
Sentiu seus amigos jogando água em seu rosto.
Apertavam seu peito, gritavam seu nome.
As últimas energias de Klayton foram usadas para chamar por sua Deusa.
- Chamem a Ma... Mari... Marilzete... ela está na arquibancada...!!!!
Todos olharam para as arquibancadas, não havia ninguém.
Três horas depois, o médico plantonista assinava o óbito.
Causa Mortis: Infarto Agudo do Miocárdio.
Sim amigos, ainda se mata e ainda se morre de amor.

Autor: Pedro Luz - Osasco/SP -
Retirado do Blog do Mario Filho
http://apostenasorte.blogspot.com/

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